segunda-feira, 7 de julho de 2008

Liar



Parecia tudo estar bem, uma incerta harmonia pairava, novos ventos de mudança e até perspectivas animadoras. E agora pergunto, porquê? Para cair tudo de novo e voltares a fechares os olhos e seres o boneco preso por cordas de desalento?
Estive sempre aqui, todos os momentos de alegria e tristeza. Estive aqui quando precisavas de desabafar, chorar, rir, tudo. E para quê? Mais uma facada nas costas, elas são largas mas têm limites.
Parece que a venda que tens nos olhos serve para tudo menos para veres o quanto magoas as pessoas que realmente se preocupam sempre contigo e nunca te traem. Será que era mesmo necessário ser alguém que não me conhece tão bem como tu a dar-me de novo alento e esperança? Tu não consegues ver para além do teu umbigo?
Quantas vezes não disseste do quanto te arrependias de ter caído de novo na mesma mentira e agora cais de novo e ainda por cima não tiveste a decência de dizer que ao fazê-lo ias também, mais uma vez, borrifar-te para os outros.
Desilusão é o que posso dizer. Tinha alguma esperança que não fosses tão cego, tão egoísta e tão mentiroso quando me disseste “isso nunca mais”.
Para a próxima reflecte sobre as tuas acções e se realmente achas que não valho a pena com o meu dom, diz! Sou apenas um bom abrigo em tempos de tempestade, aquela que parece não ter sentimentos e que apenas serve para ouvir e existir em prol de um qualquer colectivo que nem me encara nos olhos. Digo-te apenas, esperava mais de ti.
E para quê mais palavras se elas não vão ser lidas, para quê mais dilemas se depois ainda me podem dizer que “somos livres e acho que estás a ser egoísta na tua visão”. Estou? Estou apenas farta de atitudes execráveis e de mentiras.

Hoje não fecho os olhos.

domingo, 29 de junho de 2008

Quintessência


Fui ao encontro do passado, volto no Futuro. Deixe mensagem após o sinal…

Foi com esta mensagem que disse olá e me despedi de tudo e todos. Voltei às origens do que me tornei, reaprendi que por vezes temos de ceder e constatei que por vezes criamos ilusões exageradas de determinadas pessoas e situações.
Senti que depois destes anos todos, depois de todas as alegrias e tristezas, depois de todas as vezes que as pessoas se magoaram e de todos os amores impossíveis e possíveis na sua constante impossibilidade, conseguimos ter todos a humildade de olhar para trás e dizer que o futuro vai ser construído em prol de toda a aprendizagem que tivemos juntos.
Posso não abrir os olhos amanhã, mas tenho-vos no coração.
Depois de anos de vivência em conjunto consigo olhar-te nos olhos e chamar-te de irmão com todo o carinho. Foste das pessoas que raramente me desiludiu e que consegue ser uma âncora na realidade. Depois de todos estes anos, de todas as merdas que existiram, de todas as pessoas que passaram por nós e ficaram (ou não), a nossa amizade continua forte e doce. Por isso e muito mais te digo… Obrigado.
Depois de quebras, mentiras, distorções da realidade, medos, angustias, verdades, sorrisos e muitas outras coisas, a nossa amizade tem sido como uma montanha russa. Espero que o raio do comboio avarie e fique lá em cima de vez! Para mim eras o puto mais novo de quem eu gostava como quase um maninho. Eras aquela pessoa que via que tinha todas as potencialidades para seguir os seus sonhos, para ser uma pessoa que ficaria sempre na minha vida e que serias um amigo que num futuro próximo se tornaria também como um mano para mim. Espero que isso ainda venha a acontecer…
Depois de um ano sem te ver, de ter acontecido tanta coisa contigo e comigo, conseguiste olhar-me nos olhos e cantar a nossa canção. Sabes, eu não estava muito bem, aconteceram algumas coisas que… enfim… pessoas sobre as quais nem vale a pena falar, têm de ser enterradas no nosso coração para que depois – com todo o tempo que o coração demora a bombear as cinzas – nascer uma doce recordação. Pensei que irias ser mais criança, mais despreocupado, mas não o foste. Com toda a ternura do passado lembraste-me que o futuro pode ser risonho. Não, não sei se será contigo, só sei que vai ser bom. E não te esqueças, aconteça o que acontecer eu vou sempre amar-te até ao fim dos meus dias. Pode não ser aquele amor entre duas pessoas apaixonadas, mas um amor fraternal sempre um pouco ténue…
Depois de três anos não te vi lá. Tu deixaste de existir para mim. E agora nada mais importa, sim, nothing else matters… Não se pode mudar assim tanto o passado. Ninguém pode ressuscitar para nos salvar e eu não sou Jesus no feminino para te indicar os caminhos a seguir. Por isso, mais nenhuma linha da minha escrita será para ti.
Falta então a quintessência, pura essência do meu caos ordenado em pequenos furacões de lava criadora. Faltas então tu. Ou tu. Ou…

Tem 3 mensagens novas.
- O Passado foi curado.
- O Presente foi enterrado.
- O Futuro vai ser agora escrito.

Fim de mensagem.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Silentium

Recordo ao olhar-te nos olhos
De sinfonias destiladas e esquecidas
Falsete de metamorfoses
Papel de pautas amarelecidas
E a estranha fragrância a novidade.

Sento-me ao pé da janela
Acendo menos uns minutos de vida
E abandono-me no horizonte
Cálice já sem vinho ou cores
Apenas o odor a saudade omitida
Apenas o sabor a sal e desamores.

As utopias quebradas em mordentes
Meros ornamentos de uma canção
Sigo os tempos em contratempo
E pergunto-me porque mentes
Quando dizes que nada muda
Serei eu por acaso cega ou surda?

Acabo a rapsódia de uma história
Final infeliz, como se quer
Pego em mandrágora e beladona
Faço o sumo de uma vitória
Que ainda pode acontecer
Que ainda vai acontecer.

Visto-me de noite
Sinto a leve brisa do mar
Sigo o agreste caminho de lama
Chego a uma floresta de espinhos
Estás lá no centro do labirinto
Mas silêncio, não vá o Centauro acordar.

Peço mais um compasso
Corro pelo caminho de estrelas
Alcanço o onírico sentido do Ser
E desfaleço na virtude das deusas
Fico presa em espinhos de outrora
Esperando que alguém cometa o mesmo erro.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A cuspir o coração

Para quê mais mentiras e pensamentos bonitos?
A verdade é crua e dura, mas é verdade e vale por isso.
Não vou mais alimentar mentiras doentias e deixar que isto me comande. Mas sei, sim sei, que gostava de te ter aqui e não estar a ouvir esta música sem parar.
Ele foi e agora também tu morres para mim.
Este é o meu Adeus a ti, aquele com quem vi as estrelas que os nossos antepassados não conseguiam ver. Dá-me a mão mais uma vez e vamos cruzar o nevoeiro para sentir o frio do mar.


Sunday is gloomy,
My hours are slumberless
Dearest the shadows
I live with are numberless
Little white flowers
Will never awaken you
Not where the black coach
Of sorrow has taken you
Angels have no thoughts
Of ever returning you
Would they be angry
If I thought of joining you?

Gloomy sunday

Goomy is sunday,
With shadows I spent it all
My heart and I
Have decided to end it all
Soon there' flowers and prayers
That are said, I know
But let them not weep
Let them know that I'm glad to go
Death is no dream
For in death I'm caressing you
Every last breath of my soul
I'll be blessing you

Gloomy sunday...

domingo, 8 de junho de 2008

Medo tens, vergonha é como a dos cães


Ouvi alguém atrás da porta a dizer que tu existias. Não queria saber, não te queria encontrar, queria apenas…
Ouvi alguém sibilar o teu nome. Mas tu na realidade já não és tu, és apenas um pedaço apodrecido do que de ti ficou.
Eu sei que os nossos olhos se cruzaram. Se na escuridão me vês, porque é que o Sol (Inferno segundo Dante) te ofuscou e te afastou de mim.
Desistes de tudo, para ti a vitória é uma derrota. Padeces de velhice acelerada, morte anunciada no cataclismo do teu Ser.
Dou-te um beijo, daqueles que têm um travo amargo a lágrimas – ou será a mar? – e tu abraças-me.

- Gosto de estar assim. É confortável, é quente, é…
- Eu sei. Também sinto o mesmo. Sabes, consigo ouvir o teu coração.
- E eu seguro o teu respirar por entre as minhas mãos.
- Sabes que eu andava perdida… Precisava de ti.
- Eu também andei assim, mas agora está tudo bem. Já agora, quem és?

“Ashen clouds obscure my brain
Doubts begin to turn to shame
Insecureness tears at bliss
I hate me for this weakness”


Sabes que mais? Descobri tudo, vi tudo, cuspi tudo. Tu tens de ser uma sombra do passado. Quantas mais até existir luz?

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Complicometro


Complicometro complica o incomplicável. Complica a existência e desistência dentro de ti. Foge como um cão sarnento da virtude do imediato, rasga a pele simples da ideia de complexo.
Gira Complicometro, o mundo de novo, foge do fugaz e refugia-se no mordaz. Nada como um papagaio de papel a voar lá em cima, bem alto, quando temos os pés em ferida de tantos vidros partidos no chão.
Complicometro complica o justificável. Ajuda a intensidade de não ver o olhar do outro como nosso. A incomensurável leveza do não ser.
Morre Complicometro, neste fio de palavras. Mais vale não ter asas e sentir o cortar do vento do que ser como tu, quietude na solidão.
Oh, admirável distopia anómica… Sabe tão bem o não ser e não parecer. Crítica o que te digo agora, miserável Ser quedo e distante. Vou aproveitar tudo o que posso. Não vou morrer, já morri e não quero morrer outra vez.
Complica girando em volta da justificável morte adiada.

Ouve
Sente
Respira
Ainda…

domingo, 18 de maio de 2008

Heart Lock

Sim, descobriste. É a fechadura que tenho no peito que me impede de te amar. É a ausência da chave que te impede de me amares. Mesmo quando o nosso corpo se sente uno, as nossas almas não se misturam. Falta algo…
Olho para as nossas silhuetas a bailarem ao som do silêncio da Lua. Suspiramos ósculos e inspiramos segredos que mais ninguém pode saber. Shiu, eles podem ouvir! Mas fica comigo enquanto ainda temos tempo.
Sabes, isto podia ser o início de algo lindo. Temos todos os sonhos na mesma caixinha. Vamos fazer as malas e apanhar o primeiro voo para a cidade dos nossos desejos. Lá podemos construir a nossa vida sem pensar nas outras pessoas, só em nós.

- Amor, senta-te aqui. Beija-me agora que amanhã já será outro dia.
- Sabes que não tenho a chave para continuar a construir este paraíso imperfeito.
- Sim, eu sei. Talvez possamos enganar o Destino por mais uns momentos. Sabes que não te amo, não sabes?
- Claro que sim. Eu adoro-te, venero-te, mas não te amo também. Sabes que somos amigos.
- Sim, seremos sempre amigos.
- Então enquanto eles não aparecem…
- Sim, beija-me como se a noite fosse só feita de sombras, abraça-me como se o amanhã não existisse, olha-me nos olhos e por instantes és meu e eu sou tua.

Hoje acordei com um sorriso no rosto. A culpa é tua, ainda tenho o teu cheiro nos meus cabelos e o trago a sal do teu gosto nos meus lábios. Sabes, isto poderia ser o início de algo perfeito… mas somos apenas amigos.

“The more I show the way I feel
The less I find you give a damn
The more I get to know
The less I find that I understand
Innocent, the time we spent
Forgot to mention we're good friends
You thought it was the start of something beautiful?
Well think again.”
Porcupine Tree, Start of something beautiful